29/01/2007

Dicionário do aborto.


30.
A, Agosto de 2010 – Data do próximo referendo nacional à “interrupção voluntária da gravidez”. No caso de vitória do ‘sim’ no próximo dia 11 de Fevereiro, será necessário realizar nova consulta tendo em vista a liberalização total do aborto a pedido até às 30 semanas, dando resposta aos anseios da “esmagadora maioria” dos portugueses; em caso contrário – vitória do ‘não’ daqui por mês e pouco – PCP e BE entenderão que o aborto se mantém como prioridade máxima aos olhos dos portugueses e convocarão nova consulta para a próxima legislatura.

H, Hospitais – É sabido que Portugal é o país ideal para implementar a liberalização do aborto a pedido. Desde a entrada para a União Europeia que os nossos hospitais não apresentam listas de espera e que hérnias, cataratas e até unhas encravadas são problemas que há muito se tratam pouquíssimos minutos depois da chegada a um “estabelecimento de saúde legalmente autorizado”. Apresenta a vantagem acrescida de, encerradas as maternidades, ser uma forma de evitar a colocação dos obstetras saneados no quadro de supra-numerários.

I, Impostos – Com a liberalização total do aborto, abre-se uma nova janela de oportunidade nos IRS’s de cada um de nós. Num espírito de fraternidade como já não se via desde a Revolução Francesa, casais portugueses que lamentam não ter dinheiro para ter filhos terão oportunidade de ajudar a liquidar os rebentos dos outros!

J, Jornalismo de Causas – Caracteriza o pequeno número de jornalistas – sensivelmente 90% do total – que faz abertamente campanha pelo ‘sim’, disfarçando a militância sob a forma de notícias. Distinguem-se dos jornalistas que se declaram Pró-Vida justamente pelo elemento da declaração: enquanto estes últimos avisam os portugueses daquilo que deles se pode esperar, esta categoria “de causas” nunca assume a pró-matança. Oficialmente, são sempre independentes.

S, Sindicato dos Jornalistas – A Rádio Renascença anunciou aos seus ouvintes que tinha posição face à consulta de 11 de Fevereiro, alinhando pelo campo que defende a Vida. De imediato o Sindicato dos Jornalistas condenava a estação e a ineceitável opressão que a tomada de partido representava perante os trabalhadores. Felizmente que o Sindicato dos Jornalistas – onde não pontifica qualquer comunista para além dos que ocupam os lugares de destaque – não sabe que o Diário de Notícias existe. Assim sempre poupa no papel timbrado.

V, Vida – Estamos cansados de ouvir da parte dos apoiantes do aborto que não é possível definir o momento exacto que marca o início da Vida. Vendem-nos as criaturas a tese de que a concepção é uma miragem filosófica e de que o facto de ouvirmos o coração do bebé a bater a toda a velocidade numa qualquer ecografia realizada antes das dez semanas será, eventualmente, resultado de uma alucinação. Passamos então a admitir que o coração de tais gentes pudesse de facto não dar sinais de Vida nas primeiras semanas; se muitos anos volvidos continua a não se fazer notar...

P. al