23/02/2007

AMILLIA TAYLOR



Vimos esta semana na televisão a história de uma bebé que nasceu com 21 semanas e que sobreviveu. Na fotografia, vemos a criança ao lado de uma caneta.Recordo que Odete Santos, do P.C.P., defendeu o aborto descriminalizado até às 24 semanas, quando invocou publicamente o exemplo de Inglaterra.
À medida que a ciência evolui — e desde que não amordaçada — vamos descobrindo que aquilo que nos metem pela cabeça adentro, as lobotomias constantes a que somos sujeitos por parte da esquerda radical, são autênticas monstruosidades transformadas em normalidade.
Mas pensemos numa coisa: aquela criança de 21 semanas, segundos antes de nascer e de acordo com os abortistas, era uma “coisa” sem direito a direitos. Um segundo depois de sair do ventre da mãe, com 21 semanas, já tem o direito aos direitos humanos.
Matar esta criança de 21 semanas um segundo antes de nascer, não é crime, segundo os castradores de consciência; mas matá-la um segundo depois de nascer já é crime? Então porque é que passa a ser crime, numa diferença de um segundo? Faz algum sentido? E depois de nascer, a mãe da Amillia Taylor não continua a sustentá-la? Assim sendo, porque é que devemos criminalizar o acto da mãe de matar uma criança como esta (ainda “inconsciente”) depois de sair do seu ventre?
LG

22/02/2007

"no choice"


11


aconselhamento

Antes:
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1/ "A deputada socialista Maria de Belém Roseira comprometeu-se hoje a «bater-se» pela consagração na lei de um «período de aconselhamento obrigatório» às mulheres que queiram abortar, para que sejam aconselhadas sobre as alternativas à interrupção da gravidez (mais aqui)".
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2/ "Um sistema que evite um desespero momentâneo, que seja capaz de acompanhar a mulher para atitudes amplamente reflectidas" foi a proposta ontem avançada pelo secretário-geral do PS, afirmando que é "assim que se legislará em Portugal" caso o "Sim" vença o referendo do próximo domingo (mais aqui)."
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3/ "O modelo alemão para a interrupção voluntária da gravidez, que dirigentes socialistas admitem como inspiração para o PS, obriga a que a mulher comprove que foi a uma consulta de aconselhamento em centros oficiais criados para o efeito (mais aqui)."
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4/ "Ana Catarina Mendes, também é adepta desta medida. A deputada do PS é, inclusive, co-autora de um projecto que está em sede de especialidade para apreciação, caso o ‘sim’ saia vencedor, e onde é referenciada a questão do aconselhamento médico. “A mulher deve ser informada e aconselhada, a decisão isolada, sem que lhe tenha sido dada a oportunidade de ser ouvida, é voltar aos tempos medievais “, defendeu no programa da RTP 1, ‘Prós e Contras’ (mais aqui).
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Agora:
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"Uma mulher que queira interromper a gravidez até às dez semanas deverá ter "toda a informação importante", mas "não pode ser condicionada por qualquer instituição, organização ou orgânica administrativa". Alberto Martins, líder parlamentar do PS, deixou ontem claro que "não haverá quaisquer aconselhamentos obrigatórios ou vinculativos condicionantes da decisão". "Seria, aliás, ilegal", diz o dirigente socialista, acrescentando que a opção da mulher "é livre". "Foi o resultado do referendo e vamos cumpri-lo" - "um período de reflexão com toda a informação foi o compromisso que assumimos (mais aqui)."
AS

aconselhamento?

"O líder parlamentar socialista, Alberto Martins, afirmou terça-feira que não haverá aconselhamento obrigatório na lei para as mulheres que queiram abortar até às dez semanas, justificando que a medida seria uma imposição “à revelia do resultado do referendo” (mais aqui)."

pára, escuta e olha?

"Se as palavras de ontem do Governo e do próprio PS tiveram efeito tranquilizador em Belém, o mesmo não se poderá dizer do que aconteceu ao longo desta semana.
Depois de ter ouvido o próprio José Sócrates a falar em "consensos" e numa lei ponderada, logo após o anúncio dos resultados eleitorais, Cavaco já não gostou quando ouviu Alberto Martins, Manuel Alegre e até Vital Moreira a afirmar, dias depois, que o PS não cederia aos partidos à Direita (ou aos movimentos do "Não") na regulamentação da lei.
As intervenções nesses sentido, feitas nas jornadas parlamentares socialistas, deixaram incómodo em Belém, levando Cavaco a fazer duas declarações em menos de 24 horas.
Primeiro, apelando a "soluções de bom senso", para evitar novas "rupturas na sociedade portuguesa"; depois defendendo que se "observem as boas práticas que existem por essa Europa fora".
Curiosamente, uma expressão do próprio Sócrates no último domingo, a que o Presidente deu um sinal de acordo explícito - em Belém, as declarações de Sócrates são vistas como ponderadas, em oposição ao que se viu, depois, dentro do PS. Para que não restassem dúvidas, o Presidente disse ainda que a participação dos portugueses no referendo "não foi a desejada", sinalizando que o facto de o referendo não ser vinculativo lhe dá poderes suficientes para, no limite, vetar a lei que virá do Parlamento (mais aqui)."

progressismo

"O secretário da Juventude Socialista (JS) Pedro, discutiu à dias, em Aveiro, a possibilidade de apresentar na Assembleia da República um ante-projecto para legalizar o casamento entre homossexuais (mais aqui)."
A pouco e pouco os problemas essenciais do país vão sendo resolvidos. A entrada na modernidade do século XXI avança mais rápido do que esperado. AS

progresso

1) "O secretário-geral socialista, José Sócrates, afirmou terça-feira perante os deputados do PS que sentiu com a vitória da despenalização do aborto que o seu partido merecia ser classificado como progressista (mais aqui)".

2) "Mais de três mil pessoas concentraram-se terça-feira junto ao centro de saúde de Vendas Novas numa vigília de protesto contra o eventual encerramento das urgências, prometendo intensificar a «luta» com uma marcha lenta na Estrada Nacional 4 (mais aqui)".

Os serviços hospitalares fecham, os portugueses vão nascer a Espanha e os espanhóis vêem fazer abortos a Portugal. Restam dúvidas do progressismo deste país?

BU

os resultados do referendo

Eis os números apurados do referendo sobre o aborto:

Inscritos ..........8.832.628
Votantes ..........3.851.613 ------------------- 43.61%
Em Branco ..........48.185 -------------------- 1.25%
Nulos ..........26.297 -------------------------- 0.68%
Sim ..........2.238.053 ------------------------- 59.25%
Não ..........1.539.078 ------------------------- 40.75%
Esta percentagem é calculada sobre votos validamente expressos (brancos e nulos excluídos).
Votantes --- 43,61 % do eleitorado
Abstenção - 56,39 %
Percentagem do Sim relativamente à totalidade dos eleitores ----------- 25,33 %
Percentagem do Não relativamente à totalidade dos eleitores ----------- 17,42 %
Descodificando – cerca de ¼ dos portugueses votou pela despenalização do aborto.
Isto está a ser anunciado pelos opinion makers e pelos políticos como uma maioria clara a favor do Sim.
Não é.
Não é a maioria da população => ¾ dos portugueses, ou não votaram, ou votaram Não.

TR

09/02/2007

*



X


D


C


B


A.


NUNCA SABEREMOS


Nunca saberemos - os próprios nunca nos contarão - a dimensão dos sacrifícios que os nossos pais fizeram por nós, quais as dificuldades que tiveram de superar por nós, que martírios sofreram por nós, a quantidade de coisas que tiveram de abdicar por nós, o número de noites que passaram em branco por nós e, particularmente, se fomos desejados ou indesejados.

Nem os nossos filhos saberão tais coisas. Pensar-se que a maternidade (e a paternidade) é sempre um projecto, delineado cuidadosamente e ao detalhe, e que só assim ela é viável (devendo permitir-se abortar o filho não nascido no âmbito desse plano de pormenor) é o mais puro dos disparates e demonstra que muitos dos defensores do SIM vêem o aborto como um método anticoncepcional.

Um filho nascido do esquema minuciosamente delineado pode vir a ser o maior dos infelizes, e um outro nascido fora do plano traçado pode vir a ser o mais feliz de todos e trazer as maiores alegrias aos seus pais, ainda que de início não fosse "desejado".

Retirar-lhe a possibilidade dessa alegria, só por que sim, não é defender os seus interesses nem reconhecer o direito à criança a ser desejada (como já ouvi dizer): é o maior dos egoísmos.

POIS NÃO


Estatísticas do sim nos EUA - III

Nos EUA, de acordo com estatísticas oficiais, morreram no período compreendido entre 1972 e 2002, 486 mulheres devido a prática de aborto, sendo que 377 destas mortes acontecerem num quadro de aborto legal. [Então a legalização não acaba com a clandestinidade? Então a legalização não era para evitar problemas de saúde ás mães?]

Estatísticas do sim nos EUA - II

Nos EUA, de acordo com estatísticas oficiais,Em 1970 foram reportados 193 471 de abortos;Em 1990 foram reportados 1 429 247 de abortos; [Então a legalização não faz diminuir os abortos?]

Estatísticas do sim nos EUA - I

Em New York em 2003 por cada 1000 nascimentos foram feitos 709 abortos. [Então a legalização não ajuda a evitar o aborto?]


[Para quem tem estômago forte]:
· O Aborto, Prática Clínica! – Filme a não perder, chocante mas demonstrativo da prática clínica do que é o Aborto. Contém imagens susceptíveis de causar choque e não deve ser visualizado por menores ou pessoas facilmente impressionáveis.

GRAVIDEZ INDESEJADA?


Pergunta: Alguém conhece uma mãe que, em situações dramáticas, tenha optado por ter o filho em vez de fazer um aborto e hoje diga "quem me dera poder voltar atrás e ter abortado este filho"?

Não?

Votar Não é dizer que um feto de 10 semanas tem tantos direitos como um feto de 10 semanas e 1 dia.

ESPERANÇA


[...] hoje num intervalo entre aulas, lá tive que levar com algumas raparigas a debater a questão. Uma rapariga minha amiga de infância, que ainda em Dezembro me tinha dito que ia votar sim, confrontou-me com a reacção de uma nossa amiga quando ela soube que ia votar não. Lá tentei acalmá-la, bastante contente com a escolha dela, e a pouco e pouco fui-me apercebendo que não éramos os únicos que iremos votar não.

A pouco e pouco, durante o mês de Janeiro, vários colegas meus, sobretudo rapazes me confidenciaram que da indiferença ou do voto Sim, passariam a votar Não. Agora o que me surpreendeu foi a opinião de algumas raparigas. Até uma que eu sempre achei ser fanática do bloco, me disse que iria votar Não. Admito que fiquei bastante surpreendido.

Quase todas elas se mostravam favoráveis à despenalização do aborto para a mulher, mas depois de verem o último Prós e Contras de certeza que ficaram a saber que a despenalização concreta só existirá se o Não ganhar. Já perceberam que a vitória do Sim conduzirá a uma liberalização.

Quanto à vitória, não adianto nada. Quanto à Chama, está bem viva! Quanto à Esperança, nunca perecerá!

SAEM URGÊNCIAS ENTRAM CENTROS DE ABATE


Leitura muito interessante:
[...] Y es que en efecto, en noviembre de 2005, los responsables de los negocios abortistas de Extremadura se reunieron con el gobierno vecino para tratar de desbloquear la instalación de filiales en Portugal. [...] El objetivo era claro: mostrar el ‘ejemplo’ español de implantar ‘de facto’ el aborto libre y gratuito a través de convenios con los centros privados que realizan el 97% de los abortos en España. Los centros abortistas permitirían vulnerar el espíritu de la Ley al tiempo que engordarían sus cuentas de resultados. Por cierto que además de los citados centros extremeños, también la británica Mary Stopes Internacional ha mostrado su interés de abrir sus instalaciones en Portugal. “Sería muy útil la instalación de esos centros en el territorio nacional”, señalaba entonces el ministro Correia. [...]

Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto?

VALE A PENA DIZER NÃO


Debates e sessões de esclarecimento, encontros com a comunicação social e eventos de carácter científico, grandes encontros populares de encerramento no Porto e Lisboa, Évora e Braga. As grandes manifestações dos dois últimos fins-de-semana: milhares de pessoas na Fonte Luminosa, e, depois em Vila Real e Viseu, Faro, Porto e Setúbal.

Apetece antecipar o balanço, tirar conclusões.Revejo as sessões públicas em que me foi possível compreender pelo menos uma coisa: podemos paradoxalmente ser todos contra o aborto, mas há quem só o queira tornar legal. Preferimos que não haja nem legal nem clandestino.

Não se percebe porque haja de ser tolerada uma realidade ilegal e branqueados os que vivem da exploração da fragilidade do outro.

Dotados de inteligência e razão, somos convidados a encontrar outras soluções e não ceder ao conformismo e à resignação.Recordámos sem cessar a humanidade do embrião ou feto a que todos, quando acontece em nossas casas, chamamos filho.

Ninguém se pode sentir autorizado a dispor sobre a vida, parafraseando Lídia Jorge, “dessa coisa humana”… Quando aborta, uma mulher vê destruída não apenas essa “coisa”, mas também, com uma assustadora probabilidade, a própria vida. E, revendo o “Happy Birthday” de um rapper norte-americano (disponível no You Tube), também a vida do seu pai e de todos à roda. Mesmo que seja legal (como o é nos Estados Unidos e, em alguns estados, até aos 9 meses).

Repetimos à saciedade as palavras de Clara Pinto Correia: o aborto não resolve problema nenhum e “apenas torna a vida pior do que, para alguns, ela já é”.

Procurámos explicar porque é que o juízo sobre um facto (o aborto), não é um juízo sobre a mulher que aborta. Que a lei penal não usa a qualificação do sujeito (criminoso ou criminosa) mas palavras objectivas: facto, acto, conduta, ilícito. Que a lei protege a vida do bebé e da mãe quando é a sua última defesa contra a pressão de quem a quer fazer abortar.

Que a lei aponta uma estrada e a sua validade não se mede pela verificação de infracções. Que a lei que protege a vida humana, com as excepções das normas introduzidas em 1984, não é mais severa do que a que protege a propriedade informática, o ambiente ou o bom-nome de cada um. Denunciámos por isso a incoerência daqueles que não evitaram quando podiam o que qualificam como o “escândalo dos julgamentos” (nascido da forma como os usam). E que se a resposta no referendo fosse sim o “escândalo dos julgamentos” prosseguiria para toda a mulher que abortasse fora de estabelecimento oficial ou autorizado até às 10 semanas e para toda a que abortasse depois dessa aleatória data. Dúvidas houvessem e o Eng.º Sócrates se encarregou, nos últimos dias, de nos confirmar que a pergunta é sobre a liberalização…

Vimos juntarem-se a nós amigos novos. Muita gente de muitos lados. Verificámos como é possível a coexistência de perspectivas diferentes, ângulos diversos, histórias separadas, axiologias variadas. Em comum: dizer Não à liberalização.

Verificámos estupefactos como se vende uma proposta coxa como se fosse o melhor dos mundos. Limitámo-nos a testemunhar o que nos tem acontecido ver ao longo destes últimos anos: milhares de mulheres e crianças salvas.

Aqui reclamámos: se umas dezenas de associações fizeram o que fizeram, o que não faria um Governo que estivesse disposto a aplicar em politicas adequadas, o que está disponível para gastar, por uma cegueira ideológica muito datada, no aborto livre e legal!

Aceitámos discutir tudo e suportámos pacientemente todos os insultos. Fomos moderados escutando as objecções de quem as quis formular. Demos as nossas razões em todo o lado e perante todas as audiências. Á nossa volta vimos crescer um povo e uma cultura da Vida. Independentemente do resultado (o beco fechado da vitória do Sim ou o caminho aberto a todas as possibilidades da vitória do Não), depois de uma mobilização cívica sem precedentes, a Vida cresceu em Portugal.

Razões de sobra para dizer que valeu a pena.

António, Juntos pela Vida

08/02/2007

msm


daaaa


Mas o PC, como a extrema-esquerda e como alguns intelectuais, como Lídia Jorge, argumentam hoje com os mesmos dados do problema de há trinta anos (como se ainda não houvesse ecografias num mundo das ecografias a 4D), como se a informação e contracepção não estivesse generalizada.

Falar hoje de "coisa humana" não é um insulto à "coisa" é sobretudo um insulto ao estádio actual da evolução da ciência e ao grau de conhecimento da humanidade.

Se "coisa" fosse, porque se consideraria "dramática" a sua eliminação?

O drama resulta de se saber que aquela vida, com olhos, braços, pernas e coração a bater é um filho.

E essa "eliminação" tem nome. (...) Não é por acaso que na tal Europa desenvolvida, a que aprovou há trinta anos leis liberalizadoras (desconhecendo nessa ocasião o que hoje os neonatologistas nos mostram até à exaustão) a experimentação embrionária é proibida a partir do 14º dia e não até às dez semanas.
Porquê? Obvio não é?

Público, 5Fev2007

07/02/2007

A LIBERDADE DO PRÓXIMO


Desde cedo se aprende que quase todas as decisões importantes se reconduzem a uma ponderação de valores ou a uma análise casuística de custos e benefícios.
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Na questão do aborto parece-me que a grande colisão entre Vida e Liberdade se resolve de forma muito simples: a Liberdade (valor que prezo e acarinho tanto quanto o próximo – mesmo que o próximo seja pelo SIM) existiu no momento em que a mulher tenha decidido praticar um conjunto de actos adequados à produção daquele resultado (a gravidez).
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Os casos em que essa liberdade lhe tenha sido negada são legalmente consagrados como causas de exclusão da ilicitude do aborto e passíveis, eles mesmos, de enquadramento em sede de legislação penal.
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A lei que temos tutela, nas três excepções contempladas, as únicas situações em que, admito, que a Vida (por colisão com a vida da mãe, por violação ou por inviabilidade da vida do bebé) poderá ceder à decisão / intervenção de um terceiro.
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A Liberdade - que ninguém no perfeito exercício do seu estado civilizacional pretende relativizar - não pode, contudo, servir de justificação para a banalização do atentado a um outro direito: a Vida.
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Permitir o aborto, sem qualquer justificação além da vontade da mãe, até as 10 semanas, é tratar esta questão ao nível da cirurgia estética. Responder-me-ão, ultrajados, os defensores do SIM, que nenhuma mulher aborta por querer. Concedo.
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Se nenhuma mulher quer abortar, e este acto se apresenta como recurso possível ante um conjuntos de circunstâncias adversas, parece-me que o mais sensato será criar um conjunto de condições que permitam às mulheres fazer face a estas adversidades sem que atentem contra uma vida que é, apenas, a consequência que elas sabiam possível de uma acção que foi, afinal, “livre na causa”.

L an

FUGAS


Em 1998, aquando da discussão no último referendo, havia ainda alguns que se “agarraram” às poucas dúvidas que existiam acerca do início da vida humana, de forma a negá-la. Era esse o fundamento de muitos Sim.
Hoje, quando dúvidas não existem, alguns defensores do Sim recusam discutir a vida. Dizem eles que não é isso que vai a votos. Discordo. É mesmo isso que está em causa: o que fazer às vidas humanas até às 10 semanas de gestação? O Sim elimina-as, por que sim. O Não protege-as, por que se trata da mesma vida que mesmo os apoiantes do Sim aceitam proteger a partir do momento em que completem 10 semanas.
R an

pois...


"O aborto clandestino existe - é urgente mudar a lei" - diz o PCP.

Seguindo a mesma lógica, atrevemo-nos a sugerir mais umas quantas:

O tráfico de droga existe - é urgente mudar a lei.
A violência doméstica existe - é urgente mudar a lei.
O roubo por esticão existe - é urgente mudar a lei.
O abuso sexual existe - é urgente mudar a lei.
A pesca ilegal existe - é urgente mudar a lei.
O terrorismo existe - é urgente mudar a lei.
A corrupção existe - é urgente mudar a lei.
O Código Penal existe - é urgente mudar a lei.

ajudar 2 vidas


… A criança por nascer passa a ter algum valor, ou nenhum valor, consoante a vontade da mãe. Se não for “desejada” nem “planeada”, reduz-se a mero “dano colateral”.
Desgraçadamente a experiência comprova que muitos dos que nascem depois de “rigorosamente planeados” e de uma gravidez “desejada” vêm a ter mães e pais que deixam a desejar.
E o contrário também é verdade. Após um tempo em que a criança dentro aparece como “agressor” ou fonte de “problemas” vem a primavera. A debilidade, o desencanto, a desilusão, a solidão da mãe, dão lugar ao orgulho no filho que transportam.
Sabemos pela “campanha” que desde 98 nasceram cerca de 10.000 crianças de mães que foram ajudadas nas associações de defesa da vida. Muitas terão sido sobreviventes do último referendo. Porque alguém se mexeu para acompanhar e para ajudar. Escaparam a ser danos colaterais da “solução final” e desumana, para filhos e para mães. Porque alguém disse Não.
E estão entre nós.

salvem os bebés das focas

... Se repararmos, vemos que a confiança que o estado quer conceder à mulher termina na criança. A mesma mulher, se gravar um CD de música, se tirar fotocópias dum livro escolar, se estragar um ninho de ave protegida, se atropelar animal protegido, se instalar uma tv cabo ou um programa de computador, de origem “menos clara”, se der um "calduço" na cabeça da vizinha, torna-se uma criminosa (parece até que com penas semelhantes ás do aborto) e merecedora de censura.
Ainda está para aparecer o primeiro afligido com a possível "humilhação" das mulheres a pedir para acabar com estes crimes de cacaracaca.

seja responsável


06/02/2007

RAZÕES PARA O NÃO

Três razões para o “não”.
Tenho acompanhado o debate do aborto e os argumentos de ambos os lados.
O problema é difícil e mexe com as nossas convicções mais profundas. Com o referendo já este domingo, aqui ficam as três razões essenciais do meu “Não”.
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A primeira razão é política. Começo por dizer que simpatizo com o argumento liberal de que o aborto é um assunto da mulher e que, por isso, o Estado não deveria envolver-se na questão.
Acontece, porém, que ao contrário de outros temas onde a liberdade individual deve ser soberana, no aborto existe uma outra realidade a que não podemos fugir.
Como disse Norberto Bobbio, “No caso do aborto há “outro” no corpo da mulher. O suicida dispõe da sua própria vida. Com o aborto dispõe-se de uma vida alheia”.
Pesando pois os valores fundamentais que estão em causa no problema do aborto voluntário - a liberdade de escolha da mãe e o direito à vida do feto - não posso deixar de optar pelo direito à vida.
Amo a liberdade e defendo que o Estado não deve olhar pelo “buraco da fechadura”, mas neste caso a situação é distinta.
Não está apenas em causa a “esfera privada” da mulher, pois existe um outro ser que precisa de ser protegido. Bem sei que, de modo geral, a mulher não abortaria por motivos fúteis. Mesmo assim não faz sentido que ela possa decidir sobre a vida do “outro” que leva dentro de si. Isso seria negar o mínimo de dignidade à vida intra-uterina.
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A segunda razão é jurídica. Na pergunta do referendo está mais em causa do que uma mera despenalização do aborto, o que já acontece na lei actual em quatro situações (perigo para a vida ou para a saúde da mulher, malformação do feto, doença grave e incurável do feto ou gravidez resultante de violação, art. 142.º C.Penal).
Por isso, quem defenda uma posição equilibrada já a pode encontrar na lei actual, não na liberalização do aborto até às dez semanas. Essa alteração obrigaria o Estado a organizar-se para garantir o “aborto a pedido” nos hospitais ou clínicas privadas.
Por isso, aqueles muitos daqueles que são contra a penalização das mulheres não aceitarão que o Estado colabore e financie a prática do aborto.
O sistema jurídico deve ser coerente e enviar os sinais correctos para a sociedade (função pedagógica e de prevenção geral da lei).
Por isso, apesar de tudo, o aborto deve manter-se como crime. A tendência recente do direito português vai no sentido do agravamento das penas, veja-se o direito rodoviário ou os crimes contra o ambiente.
Qual o sentido de ser crime fazer um ‘download’ de uma música ou destruir ovos de cegonha, mas não destruir um feto com dez semanas?
A lei portuguesa permite distinguir o “erro” da pessoa que erra, conciliando firmeza na condenação da conduta, com compreensão para com aquele que a pratica. Só os juízes o podem fazer, tendo em atenção as circunstâncias atenuantes.
Desconfio pois da argumentação algo “populista” que coloca em causa a legitimidade dos tribunais para aplicar a lei. Recordo que há mais de 30 anos nenhuma mulher é presa por ter abortado e que a enorme maioria nem sequer chega a ir a tribunal.
E não se diga que a lei não é aplicada, esquecendo que a importância da lei está no “dever ser” que impõe à sociedade e não na aplicação de sanções (último recurso).
Note-se, ainda, que esta alteração legislativa não resolveria os “julgamentos” ou o aborto clandestino que, infelizmente, continuaria depois das 10 semanas ou fora dos “estabelecimentos autorizados”.
O combate ao aborto clandestino não se faz pela legalização, mas sim apoiando seriamente a mulher grávida dando-lhe outras opções que lhe permitam manter a vida que leva dentro de si.
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A terceira razão é existencial, talvez por isso mais fácil de explicar. Vi uma ecografia em três dimensões de um feto às 10 semanas. Foi uma experiência muito forte, onde observei o movimento das mãos e dos braços e ouvi o batimento do coração.
Desde esse momento fiquei com a convicção profunda de que ali está “alguém” como eu. Aquele ser pode ser mais ou menos “desejado”, mas é único e irrepetível.
Apesar de não ter voz para gritar merece ser protegido.
Depois de ouvir os argumentos do “sim” sobre a humilhação da mulher exposta a ser julgada, tenho de concluir que a maior das “humilhações” seria a do feto a quem não se reconhece a existência e o direito a viver.
Paulo DE