09/02/2007

NUNCA SABEREMOS


Nunca saberemos - os próprios nunca nos contarão - a dimensão dos sacrifícios que os nossos pais fizeram por nós, quais as dificuldades que tiveram de superar por nós, que martírios sofreram por nós, a quantidade de coisas que tiveram de abdicar por nós, o número de noites que passaram em branco por nós e, particularmente, se fomos desejados ou indesejados.

Nem os nossos filhos saberão tais coisas. Pensar-se que a maternidade (e a paternidade) é sempre um projecto, delineado cuidadosamente e ao detalhe, e que só assim ela é viável (devendo permitir-se abortar o filho não nascido no âmbito desse plano de pormenor) é o mais puro dos disparates e demonstra que muitos dos defensores do SIM vêem o aborto como um método anticoncepcional.

Um filho nascido do esquema minuciosamente delineado pode vir a ser o maior dos infelizes, e um outro nascido fora do plano traçado pode vir a ser o mais feliz de todos e trazer as maiores alegrias aos seus pais, ainda que de início não fosse "desejado".

Retirar-lhe a possibilidade dessa alegria, só por que sim, não é defender os seus interesses nem reconhecer o direito à criança a ser desejada (como já ouvi dizer): é o maior dos egoísmos.

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